Um Rio de Janeiro marcado pela violência, corrupção, drogas. Essa é a imagem passada no filme Tropa de Elite 2, que não difere muito do que foi visto no primeiro longa. Já era de se esperar que nessa continuação os temas citados acima fizessem parte, e agora englobando a política ainda mais visualmente. O problema é o ganho que nós temos com esse assunto.
O Rio não apresenta nenhuma novidade na sua história com relação às mazelas que são periodicamente apresentadas ao público em geral. Verdade sim que essas mazelas também ocorrem em outras partes desse país. Mas será que a Cidade Maravilhosa é mesmo o espelho do Brasil? Em muitas regiões do interior de Minas Gerais por exemplo não encontramos viciados e malandros provocando arrastões nas ruas e tomando de pânico a população. Não vemos no Norte ou Centro-Oeste bandidos que assaltam ônibus, que rendem os passageiros e ainda viram tema de longa-metragem. Também não vemos no Sul do país tiroteios a qualquer hora do dia, onde morrem turistas, transeuntes e gente de toda espécie.
O filme em cartaz só traz as banalidades desta cidade que há mais de 4 séculos convive com uma espécie de "carioca way of life" onde o apreço pelo jeitinho malandro sempre foi bem visto, inclusive nos filmes que lotam as sessões de cinema. Saber que há corrupção na polícia carioca, os jornais falam todos os dias. Saber que há nobres deputados envolvidos em esquemas de corrupção com os traficantes, as revistas tratam sempre. Saber também que constantemente há arrastões nos edifícios, nas praias e nas ruas, os noticiários da TV já dão conta de nos mostrar. Mas também sabemos que há gente interessada nisso, em ver esses estragos sendo transformados em atração.
Porque se há um estrondo de bilheteria não é porque existe um Capitão Nascimento que deleita o imaginário de pessoas ansiosas por verem a justiça feita de forma prática. É porque existe uma espécie de divertimento, de lazer, de se ver representado nas grandes telas, como alguém que tem algo a mostrar. O que ocorre é que esse tema não leva a um raciocínio lógico dos problemas reais passíveis de solução, mas sim um financiamento dos crimes hediondos que fazem parte cotidianamente na vida de milhares de pessoas. O bandido também vê TV, cinema, rádio. Ele é tão humano quanto nós. E tem orgulho do que faz assim como qualquer ser humano. A diferença é que ele se orgulha do mal que pratica e que encontra eco nas pessoas que aplaudem o auto retrato de sua sociedade.
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