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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Modus operandi: Rio de Janeiro

Quando Dom João aportou no Rio de Janeiro no início do século XIX viu uma cidade infestada de negros seminus, muita sujeira, pessoas sem a menor educação, pequenos roubos, delinquências médias sem nenhuma punição. O português não tinha nenhum savoir faire de noblesse, mas preferiu se abster dessa cultura brasileira já arraigada e deixar seu filho se imiscuir pelas vielas da capital. Dom Pedro I esteve entre negros, mulheres da vida, boêmia, arruaceiros e até bandidos: como príncipe não procurou descobrir a razão daquela vida que levavam e tentar uma melhoria significativa nessa sociedade já corrompida. Pelo contrário, apenas se limitou a imitar e fazer parte de algumas mazelas que o Rio já enfrentava naquela época.
No início do século XX, o prefeito Pereira Passos quis se atualizar à Belle Époque européia e destruir tudo que fosse o contrário da beleza, luxo e perfumaria no Rio de Janeiro. Sinal disso é a Avenida Rio Branco, centro da cidade, onde havia cortiços, esgoto à céu aberto, casas do tempo colonial que não ornavam com a nova República, favelas e morros com população desordenada. Ou seja, as mazelas do povo do tempo colonial foram apenas varridas pra debaixo do tapete. Getulio Vargas apenas refez o que Pereira Passos iniciou: destruiu mais metade do patrimônio histórico do Rio pra construir uma larga avenida que leva seu nome e que por anos permaneceu sem nenhuma construção interessante.
Anos 50, zona sul crescendo, se modificando, cidade maravilhosa um símbolo da beleza natural.  E assim foi até que nos anos 70 os morros, cantados em sambas e versos cheios de orgulho começou a mostrar os séculos de descaso com a população carente: surge o tráfico de drogas pesado que se torna poderoso e agressivo nos anos 80 e 90. Bandidos que mostram fuzis sem medo, matam jornalistas, intimidam a população da cidade, sequestram os bacanas da zona sul. Ora isso é o retrato do Rio de Janeiro desde o século XVII apenas modernizado, era o caos prenunciado mas velado, sob a forma do Rio way of life: malandro é malandro e mané é mané diria Bezerra da Silva ou ainda lá no morro quando olho pra baixo acho a cidade uma beleza, Fundo de Quintal.
2010. Crônica da morte anunciada. Polícia no Rio deflagra uma guerra contra o tráfico. O que fazer contra uma cultura carioca impregnada há séculos? Colocar policiais pra invadir o morro dominado pelo tráfico, sendo que este há muito está perdendo espaço pras milícias? Milicias formada por estes mesmos policiais que um dia irão se aposentar. Por que será que Tropa de Elite 2 foi focado justamente no enfrentamento de corrupção dentro do próprio Estado? Corrupção esta que faz parte desde que a Família Real chegou em 1808 e que já estava instalada, apenas ganhou contornos de beleza institucional. Então de que adianta invadir um morro, dois morros, dez morros se o problema não está lá? Está na população que apóia o tráfico e que agora vendo seus antigos patrocinadores e mecenas perdendo poder, se bandearam pro lado da polícia, que pode vir a ser a futura milícia do subúrbio. Está na falta de controle maior das fronteiras, um controle organizado, efetivo e ostensivo, com os mesmos aparatos usados agora nessa guerra urbana. Está também na cultura da população do "quanto eu vou ganhar com isso", da valorização da favela, da pichação como arte, do falar errado é pobrema meu, do futuro brilhante da Maria modelo e do João jogador, do quanto mais pobre melhor pra ganhar auxílio do governo.
Como querer resolver uma situação com enfrentamento de uma cultura permanente que encontra apoio nas camadas médias e altas, favorecendo a entrada de armas e drogas no país? Tolerância zero, mas não somente para os traficantes, mas também para milícias disfarçadas de policiais subversivos, população conivente, governo sem escrúpulos de uso de populismo para ganhar eleições, fronteiras devassadas e defasadas de monitoramento e principalmente tolerância zero para um orgulho de pertencer a uma cidade que ostenta o título de cidade maravilhosa, mas que aceita colocar por debaixo dos panos toda a podridão que cerca o seu dia a dia urbano. O problema do Rio de Janeiro não é do Brasil inteiro, é um problema só do Rio de Janeiro.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O futuro de Dilma

Passado o período de eleições, a vencedora do pleito Dilma Roussef está sob constante avaliação dos analista políticos e econômicos do Brasil e do mundo. Tentando passar icógnita da mídia após ser eleita presidente para não ofuscar o resto de mandato do Lula, disse que "presidente eleito não é atração, é no máximo notícia". Bom, isso é uma verdade, mas o que sugerem alguns analistas é que o governo da Dilma seria marcado por um populismo exacerbado e uma ala do PT bem voraz por projetos anti-democráticos e autoritários.
A mídia nos alertou contra o perigo de cercear a voz do jornalismo crítico, quando o presidente pronunciou alguns discursos anti-democráticos. Também acompanhamos bem de perto a relação próxima e íntima entre o presidente Lula e o presidente Chávez, Evo, Fidel, Rafael... Mas procurou se afastar de Michele Bachelet, de Alvaro Uribe e de Tabaré Vazquez. Não criticou veemente as propostas de deputados governistas que queriam uma emenda na Constituição para autorizar um possível terceiro mandato. Vimos insistentemente o presidente Lula usando da máquina pública sem nenhum pudor para eleger a candidata do PT, e ainda afirmou a necessidade de eliminação de alguns deputados e senadores da oposição que tanto lhe atrapalharam em seu mandato. Teve oportunidade junto com grandes líderes mundiais de se declarar negativo contra a tortura e morte de dissidentes cubanos, já que tanto lhe parece apetecer um cargo na ONU.
No entanto essas falhas graves não problematizaram gravemente sua governabilidade, não obstante os ecos indignados da oposição. Como vemos, o governo Lula foi marcado, entre outros tantos exemplos, por desvios no caminho da democracia. Mas conseguiu pôr em prática os planos de governo mais básicos à população. Dilma Roussef terá o mesmo destino? Conta com base aliada muito forte e poderosa, máquina pública a todo vapor e a seu favor, grandes aliados na América do Sul, economia estável, etc...
Isso dá governabilidade, mas também requer grande capacidade de articular, ceder e ser dura nas decisões. Terá de exercer principalmente competência e seguir o rumo democrático do crescimento do país. Ideologias políticas petistas farão parte da pauta da presidente, e provavelmente vez ou outra veremos estampadas na mídia, mas não poderão fazer parte da pauta da nação, e isso deve ser claro. Nenhum analista político sério prevê retrocessos no Brasil, apenas alguma estagnação pelo não cumprimento de projetos essenciais ao desenvolvimento da nação, caso Dilma venha a exercer um lado mais populista ou reacionário. A base sólida, o alicerce econômico, político e social construído desde o final dos anos oitenta está bem estabelecido. Contudo o futuro de Dilma obviamente tem de ser marcado pela competência em dizimar as mazelas que ainda assolam o país, sem demagogias ou manobras políticas de privilégios.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

o futuro de Obama

Esses dias estive no Uruguai, mais precisamente em Montevideo, e pude notar o estado econômico em que se encontra aquele país. Já foi considerado a Suiça da América do Sul e hoje tem uma economia ainda em médio crescimento, pautada pela produção de lã e carne.
Isso me fez pensar na atual situação dos Estados Unidos no cenário econômico mundial, a decadência que o dólar enfrenta nesses últimos anos. Pós crise e os ianques não conseguiram ainda uma estabilização na sua economia, a ainda maior do mundo. O presidente Obama declarou há alguns dias que o que é bom para os EUA é bom para o mundo. Alguns presidentes não concordaram, como o nosso Lula, visto que os objetivos econômicos do Brasil e de outros países não coincidem .
Mas até quando e onde vai o poder dos EUA sobre todo o mundo? Estamos vendo a ruína de um império que se consolidou no século XX mas que não conseguiu conter o processo evolutivo do principal germe e força motriz de seu progresso econômico: o capitalismo. Excesso de crédito, falta de ajustes monetários e limites para os bancos foram o estopim pra crise de 2008/2009. No entanto o presidente Obama insiste em colocar dólares no mercado, provocando uma guerra cambial principalmente nos países em franco desenvolvimento.
O dólar não tem mais força como moeda mundial, o emprego é escasso para os americanos e o poder de compra também é pequeno. A China vem crescendo a taxas avassaladoras e o Japão não é mais a grande vedete asiática. O euro está com problemas de sustentabilidade por conta da crise ainda vigente na Europa e os BRIC's estão tentanto se postrar no cenário da economia como fontes alternativas de crescimento.
Obama teve a infelicidade de pegar um país em crise e com duas guerras pra gerir. Até onde o império ianque conseguirá se sustentar? Roma caiu por vários fatores, alguns semelhantes hoje. E nunca mais se reergueu. A não ser nos livros de História.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

FHC

Independente do resultado das eleições desse ano, o Brasil sairá ganhando, mesmo que os candidatos não efetuem suas promessas. Graças à estabilidade do país, e os avanços que o Brasil conseguiu nessas últimas décadas. Claro que haverá declínios, caídas e percauços, mas nosso país já tem boas bases para o progresso sucessivo, graças às políticas adotadas.
Infelizmente nessa história de estabilização do país, muitos foram renegados como responsáveis pelo desenvolvimento dessa estabilização. Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil na década de 90, criou o Plano Real, acertou a politica econômica e criou os alicerces fortes de relações diplomáticas e econômico-sociais com outros países. No entanto, não é visto como um dos pilares da mudança do país, mas como atraso por todos os partidos políticos e pelo próprio povo. Criou-se uma imagem deteriorada de sua gestão, por causa de crises, privatizações, falta de investimentos. Mas a História está aí pra analisarmos e deduzirmos se isso é mesmo verdade.
No início dos anos 90 o Brasil enfrentava uma inflação galopante conquistada desde o início do século, e que foi passando governo, saindo governo, só piorando. Collor abriu novamente o mercado brasileiro às importações, deu início às melhorias econômicas futuras. Infelizmente por outros atos acabou saindo do governo. Itamar Franco, que sucedeu-lhe, implantou novos rumos no país, iniciando o período de reajuste da economia e do social. Também é outro que muito pouco é lembrado nesse país. FHC entra no governo em 95, cria o Plano Real, moeda forte que compatibiliza com o dólar americano e fornece condições à população de "fazer a feira" por exemplo, com apenas uma nota de Real. Realiza condições sociais de desenvolvimento, como o Bolsa escola e o Bolsa saúde, posteriormente no outro governo se tornando o Bolsa Família.
Segundo alguns especialistas, privatização é o processo de venda de uma instituição do Patrimônio Público para o setor privado, ou seja, desestatização da empresa pública sem que o Estado deixe de ter uma parcela de controle e reponsabilidade. Ora o fortalecimento das intituições públicas do país se deu com Getúlio Vargas e o que podemos nos orgulhar? Faltam recursos, faltam funcionários qualificados, falta serviço, falta salário digno, falta política pública de gerenciamento de milhares de orgãos e cargos públicos que nascem e oneram o Estado. Por que o contribuinte deve pagar impostos para sustentar algo falido, que não propicia melhorias e nem desenvolve o país? Privatização é desonerar o Estado daquilo que não dá certo, que o Governo Federal não dá conta mais de sustentar por motivos óbvios. O Estado não pode ser mais visto como poder, autoritarismo, como pai social do país. Quanto mais o Estado participa da vida pública, menos condições tem de se sustentar e pagar os dividendos que contrai. Quanto menos o Estado participa, mais a população sofre sem investimentos, sem ajuda, sem força até de ordem moral. Qual a solução? Privatizar o que não está dando certo, mas não entregar totalmente ao capital privado, ter controle e poder de fiscalização sobre as empresas que venceram o leilão. A Vale rendeu muito mais depois da privatização, assim como o setor de telefonia pública. Muitos bancos estatais estão sucateados, merecendo uma revisão de suas políticas. Infelizmente quem defende o Estado como pai é aquele que quer usá-lo para o populismo e nepotismo.
Outro problema atrubuído a FHC é a questão do arrocho. No entanto não observam que o país estava quebrado, sem políticas econômicas consistentes, sem um plano diretor nesse sentido. Anos de atraso na ditadura militar tiveram essa consequência. Ou seja, Fernando Henrique tinha de fazer igual um pai de família com contas atrasadas e sem dinheiro em caixa: economizar, suprir gastos, gerar receita líquida, investir externamente pra render lucros internamente. Infelizmente o percauço da crise de 98 abalou esse projeto, subindo o câmbio do Real e levando o país a estagnar no seu progresso. Considero ainda que nunca usou de manobras políticas para eleger correligionários de partidos, não calou a imprensa diante de escândalos do Congresso, não usou de demagogia para ganhar votos. Era um presidente com inteligência suficiente para elevar à categoria de nação propriamente dita este Brasil.
Hoje temos uma espécie de referendo nas eleições: ou o Brasil avança com o populismo, corrupção e nepotismo do governo atual, ou retrocede com a construção de base pra sustentação e estabilização e com projeto de avanço sócio-econômico do país. Pois se hoje alguém se vangloria da pseudo-nação que ainda temos é graças a alguns políticos como Fernando Henrique Cardoso que estão demarcados no ocaso por uma política e uma mídia atuante na ignorância da população sem capacidade de raciocínio. Se hoje podemos gastar muito no exterior, comprar parcelado muitos produtos, orgulhar da pobreza que virou classe média, temos também de refletir se isso foi por obra do destino, ou se alguém com a  capacidade de FHC tirou o país do ostracismo para elevá-lo a uma categoria superior.

domingo, 24 de outubro de 2010

Em defesa das Universidades

Infelizmente essa campanha eleitoral, no que tange à educação, só ambiciona criação de novos cursos técnicos, que os candidatos dizem ser o melhor para o desenvolvimento educacional no país. Os dois postulantes à vaga de presidente não tem outro programa ou idéia para resolver a calamidade que a educação no Brasil se tornou.
As universidades foram criadas mais ou menos no século XII na Europa, em uma época de Renascimento do conhecimento intelectual. Desde então o papel das universidade foi de elevar à categoria de debate as idéais concebidas ali, pois se tratavam de locais embrionários de novas luzes, novos saberes. Uma universidade é, portanto, um centro filosófico de idéias, onde as mesmas passam por apurados debates e discussões até se desenvolverem novos métodos. A teoria e  a prática fazem parte da universidade.
O Brasil foi um dos últimos países da América a aderir a criação de universidades, e desde então esses privilegiados locais de inteligência foram paulatinamente jogados à deriva, sem um rumo e um projeto definidos. Com o advento do mercado de trabalho capitalista, a formação nas universidades transformou-se em um aspecto mais técnico, de formação de mão de obra qualificada, algo que não condiz com o preceito de faculdade.
Com isso, foram criados os cursos técnicos, como forma mais rápida de criar homens capazes de expor seu depósito de memória em frentes de trabalho. O curso técnico é a maneira eficaz de suprir o mercado de trabalho capitalista voraz por braços e pernas sustentando o crescimento econômico. Na verdade, o curso técnico em alguns casos é uma partícula dos cursos universitários que formam na teoria e na prática, ou seja, como se demora no mínimo 4 anos pra se deter um título em uma universidade, esses cursos surgem para minimizar o tempo e ensinar somente os métodos práticos, sem o embasamento filosófico que cada cátedra contém.
Mas esses cursos não podem figurar como formas capazes de sustentar a educação no país. Temos uma deficiência enorme no ensino básico e no médio, pois professores mal preparados saem das universidades sucateadas e transferem parco ou péssimo conhecimento para alunos inaptos de ingressar em uma faculdade, idem em um curso técnico. Sim, pois para ingressar em um curso técnico, necessitamos ter excelentes compreensões de aritmética, língua portuguesa, conhecimentos gerais, língua inglesa. Existem muitos cursos que exigem nas suas normas técnicas de aprendizados o saber da lingua inglesa e aritmética, por exemplo, informática.
Acredito que as universidades podem sim dar a sustentação necessária para o futuro de cada nação, independente da área. Em educação, somente com bons professores graduados e possivelmente pós graduados poderemos ter níveis de excelência nas escolas de ensino básico e médio, formando cidadãos capazes de refletir e posicionar-se desde cedo sobre as questões que se apresentam passíveis de resoluções. Funciona como uma cadeia dependente, onde se dá condições e se investe aprimorando as universidades do país, gerando riqueza de conhecimento para ser reflexionado dentro dessas instituições e posteriormente, quando formado, gerar riqueza de conhecimento e prática dentro do mercado de trabalho, fornecendo efeitos influentes que desencaderão novamente nas faculdades e universidades, revolucionando-as, em uma ordem progressiva contínua.
O que devemos observar é se queremos o futuro do país em robôs preparados tecnicamente para atender o consumismo exacerbado de meia dúzia de detentores da riqueza e do poder ou se queremos centros e instuições capazes de criar conhecimento útil para novas idéias vindouras e frutificadoras de novos projetos para a sociedade. 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Um Rio de Janeiro marcado pela violência, corrupção, drogas. Essa é a imagem passada no filme Tropa de Elite 2, que não difere muito do que foi visto no primeiro longa. Já era de se esperar que nessa continuação os temas citados acima fizessem parte, e agora englobando a política ainda mais visualmente. O problema é o ganho que nós temos com esse assunto.
O Rio não apresenta nenhuma novidade na sua história com relação às mazelas que são periodicamente apresentadas ao público em geral. Verdade sim que essas mazelas também ocorrem em outras partes desse país. Mas será que a Cidade Maravilhosa é mesmo o espelho do Brasil? Em muitas regiões do interior de Minas Gerais por exemplo não encontramos viciados e malandros provocando arrastões nas ruas e tomando de pânico a população. Não vemos no Norte ou Centro-Oeste bandidos que assaltam ônibus, que rendem os passageiros e ainda viram tema de longa-metragem. Também não vemos no Sul do país tiroteios a qualquer hora do dia, onde morrem turistas, transeuntes e gente de toda espécie.
O filme em cartaz só traz as banalidades desta cidade que há mais de 4 séculos convive com uma espécie de "carioca way of life" onde o apreço pelo jeitinho malandro sempre foi bem visto, inclusive nos filmes que lotam as sessões de cinema. Saber que há corrupção na polícia carioca, os jornais falam todos os dias. Saber que há nobres deputados envolvidos em esquemas de corrupção com os traficantes, as revistas tratam sempre. Saber também que constantemente há arrastões nos edifícios, nas praias e nas ruas, os noticiários da TV já dão conta de nos mostrar. Mas também sabemos que há gente interessada nisso, em ver esses estragos sendo transformados em atração.
Porque se há um estrondo de bilheteria não é porque existe um Capitão Nascimento que deleita o imaginário de pessoas ansiosas por verem a justiça feita de forma prática. É porque existe uma espécie de divertimento, de lazer, de se ver representado nas grandes telas, como alguém que tem algo a mostrar. O que ocorre é que esse tema não leva a um raciocínio lógico dos problemas reais passíveis de solução, mas sim um financiamento dos crimes hediondos que fazem parte cotidianamente na vida de milhares de pessoas. O bandido também vê TV, cinema, rádio. Ele é tão humano quanto nós. E tem orgulho do que faz assim como qualquer ser humano. A diferença é que ele se orgulha do mal que pratica e que encontra eco nas pessoas que aplaudem o auto retrato de sua sociedade.

Onde estão os ideais da Revolução?

Não é de hoje que a França é conhecida por suas "revoluções". Revolução Francesa foi o símbolo da liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade do homem, de poder pensar e agir conforme sua vontade. Igualdade para lembrá-lo que somos todos únicos e filhos de uma mesma origem. Fraternidade para sermos solidários com esses outros homens dos quais convivemos em sociedade e que precisam uns dos outros.
No entanto no decorrer dos séculos parece que os franceses se esqueceram desses ideais. No último noticiário aparece uma greve violenta e de efeito catastrófico sobre toda França. Onde está a liberdade do homem em propor mudanças como uma lei que irá beneficiar uma população de faixa etária alta, onde se sabe que uma previdência não suportaria se não houvesse colaboração de todos em trabalhar alguns anos a mais? Onde está a igualdade quando a greve imposta há vários dias prejudicam vários trabalhadores e pessoas que necessitam de combustível, transporte e serviços básicos? Onde está a solidariedade sabendo que se essa lei não for posta em prática os futuros trabalhadores não terão uma aposentadoria digna que não pode ser sustentada somente pelo erário do Estado?
Ora o presidente Nicolas Sarkozy sabe que a reforma do sistema previdenciário é importante para assegurar a continuidade nem tão tranquila da aposentadoria dos trabalhadores franceses. E por isso passa por protestos violentos de sindicatos que politicamente tentam enfraquecê-lo para não obter bons resultados no seu próximo pleito. O mesmo aconteceu com o presidente Obama ao tentar reformas semelhantes nos EUA, que provocariam mudanças fundamentais no modo de vida de vários cidadãos.
Mas na França, berço de uma cultura filosófica e política tão rica, as mudanças deveriam já fazer parte de sua História, com objetivo de debater e dialogar novas propostas que signifiquem melhoria de vida para toda a sociedade. Novamente parece que os ideais da revolução formam hoje apenas um eco, um último brado de um apelo à mudança da França e do mundo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Os mineiros do Chile e do mundo

Hoje encerra-se mais um episódio histórico e trágico da humanidade: o resgate dos mineiros do Chile. Graças à tecnologia empregada nesse resgate, em pouco tempo os 33 mineiros que estavam presos há quase 700 metros de profundidade puderam ser içados através de uma cápsula arduamente testada. Aliás essa tecnologia só foi possível graças à intervenção americana, visto que muitos projetos modernos do Chile hoje são impulsionados graças à extensa colaboração dos EUA nessa área.
Mas infelizmente essa aparente tecnologia de resgate esconde a situação precária que envolve esses mineiros chilenos e tantos outros. A extração de cobre no Chile ainda é um dos propulsores econômicos do país e o atraso nesse tipo de trabalho remonta ao sèculo passado, quiçá ao retrasado. As condições ainda difíceis que vivem embaixo da terra sem as altas condições de segurança são alvo de grandes denúncias por parte de associações pró trabalhadores. A declaração dos direitos do homem e do cidadão datam da Revolução Francesa, mas parece que não só no Chile, mas em várias minas ao redor do mundo isso não é muito respeitado.
O Chile é um dos países mais adiantados da América do Sul em educação, cultura e mesmo teconologia. A China também tem minas e é um país avançado em tecnologia atualmente. Pergunta-se por que existe tanta capacidade de criação de armas de destruição em massa e não há sequer uma nova idéia ou projeto de escavação e perfuração em minas que não se utilize o trabalho humano? Porque por mais que haja toda segurança, se é que existe segurança pra um serviço desses, sempre haverá possibilidade de ocorrer alguma falha, visto que estão em uma profundidade grande, sem luz, sem saída aparente, com pouco ar e resistência sempre menor às adversidades.
O salário também é muito baixo, e o psicológico de um mineiro e sua saúde sempre são prejudicados ao longo do tempo. Não existe possibilidade de avanço em educação, visto que passam mais tempo debaixo do solo que em banco de sala de aula. Não denuncio aqui somente as condições do mineiros chilenos, mas dos bolivianos, dos chineses, dos mexicanos. Existe muitas possibilidades de tecnologias mais avançadas para esse quesito e que infelizmente não está na pauta dos governantes.
Esses mineiros terão sorte, pois com a fama outorgada pela mídia onipresente nas tragédias mundiais, receberão toda ajuda necessária, financeiramente e psicologicamente. Resta saber quanto outros mineiros no mundo terão esta sorte. Muitos morrem antes em falhas mecânicas de extração. Mas poucos sobrevivem para dizer: estou vivo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Religião na Política Brasileira

Esse segundo turno das Eleições 2010 será marcado pela disputa religiosa de votos da Marina Silva. Esta conseguiu uma quantidade expressiva de eleitores que nem os institutos de pesquisa adivinharam graças à sua pessoa e sua posição religiosa contra o aborto. Mas qual candidato deste segundo turno realmente poderia se valer dessa atitude às vésperas do pleito: o padre Serra ou a madre Dilma?
As reportagens estão afirmando, Dilma sempre foi a favor do aborto no Brasil. José Serra entra como o católico praticante, aquele que desde pequeno frequentava aquelas enfadonhas missas em latim. Mas entretanto enquanto Ministro da Saúde nada fez para reparar esse dano à saúde, muito menos com relação às drogas, um dos seus grandes trunfos de campanha.  Fato é que independente da posição religiosa dos candidatos, cresce a cada ano o número de mulheres aborteiras e casas que praticam este ato. Isso não é divulgado no governo Lula, aliás muitas realidades que deveriam virar propostas não são divulgadas.
Estão usando a crença, a religião do povo brasileiro a favor de algo que não deveria entrar no cenário político de eleição dessa maneira, como forma de angariar votos de pessoas a favor ou contra dogmas religiosos. Política no Brasil ainda é racional, não religiosa, o que não significa que grandes temas que envolvam religião não possam ser debatidos. Os atos cristãos, dos quais muitos brasileiros se esquivam, mesmo afirmando-se assim, estão fora da pauta política há séculos. Educação, saúde, cidadania, direitos humanos, honestidade e moral são valores sociais e também religiosos, não se distanciando um do outro como querem alguns.
O aborto é um excelente tema para se discutir em campanha, mas adendo de tantos outros temas mais importantes para o crescimento do país em inteligência e moral. Marina Silva foi um importante meio de veiculação desta temática, agora é o momento de estudarmos mais a sério esse caso então.
Mas não usar de ambientalismo nem de religião para cooptar votos, usar o imaginário medieval dos brasileiros religiosos para impor voto, nem ter duas ou mil caras para dizer algo às vésperas de campanha.
Usar Igrejas, Templos, Casas de orações como rendimentos políticos e de votos é uma prática tão antiga e dantesca quanto o roubo do Estado. Essas eleições devem se pautar pela apresentação de propostas e não apresentação de Jesus e o Diabo guerreando temas tão próprios do íntimo da sociedade.

domingo, 10 de outubro de 2010

A arte de mover no Rio

Não é de hoje que o serviço de transporte no Rio de Janeiro beira o caos. Na verdade está há muito tempo vivendo o caos. Neste domingo o Fantástico exibiu matéria sobre a máfia dos taxistas cariocas que detêm poder quase absoluto sobre vários pontos da cidade. O mais estarrecedor é a polícia que serviria para fiscalização e defesa dos direitos do usuário servindo como apoio à corrupção e prática de abusos por parte desse ditos motoristas.
Meu contato com o Rio é antigo e desde muito tempo observo que para conseguir se locomover naquela cidade é mais difícil que encontrar o Papa. Pois bem, as ruas históricas no centro e na zona sul, àreas mais turísticas, não servem mais ao tráfego intenso de veículos que hoje cresce assustadoramente em todo país. Pois o senhor prefeito Eduardo Paes quer então fechar a Avenida Rio Branco, a de maior tráfego de ônibus, táxis, carros, vans no centro antigo para ali se transformar em uma espécie de super Largo da Rio Branco. Aliás só há duas grandes avenidas no centro do Rio de Janeiro. A Presidente Vargas foi construída da demolição de patrimônio. Será que também vão destruí-la pra fazer, talvez, não sei, uma grande pista de skate?  Assim é tratado ao mesmo tempo Patrimônio Histórico e trânsito na cidade maravilhosa.
Os ônibus que datam dos anos setenta e que mais param do que andam, mereciam uma reforma completa ou troca de frota imediata. Não é difícil ver na zona sul, onde são melhores, muitos ônibus quebrando pelas ruas já congestionadas, piorando o trânsito. Isso quando não ocorre um acidente grave por excesso de velocidade destes motoristas mal preparados ou por falta de manutenção dos veículos.
O metrô do Rio é outro caso a parte. Atrasadíssimo há anos agora vai deixar o papel e ir para a prática. Pelo menos para a Copa de 2014, onde deve chegar até o princípio da Barra da Tijuca. Detalhe: os Jogos Olímpicos de 2016 ocorrerão no meio da Barra e os aeroportos não são servidos de metrô.
Os táxis cariocas são o pior sistema de transporte. Por quê? Bem, grande parte são velhos, péssima manutenção, motoristas mau educados (há honrosas exceções), mal preparados que dirigem como loucos, além de porcos, que quando em vias de fazer suas necessidades fisiológicas, arrumam qualquer beco para satisfazer sua ânsia. Isso dá ao Rio de Janeiro, em plena zona sul, aquele cheiro característico de sal e uréia no ar...
É difícil saber qual táxi é pirata e qual tem alvará. Muitos são iguais, amarelos, com placas vermelhas, mas não estão dentro da lei. Na Rodoviária Novo Rio é o pior caso ao meu ver, já que não há um espaço certo, orientado e amplo dedicado a isso. Quem não tem noção do que é malandragem, logo se vê enganado pelo anúncio fácil de corridas longas a preços módicos. O problema é que fiscalização não há, nem com denúncia, apenas fingem que passam por lá, olham e vão embora. Essa mesma polícia do Rio que agora está em cartaz de novo, não para louvá-la mas para massacrá-la perante o público de Tropa de Elite 2.
Essa cidade irá receber dois eventos importantes até 2016. Como serão transportados os visitantes? Talvez, como o bom humor brasileiro sempre está presente,  haverá uma novidade no transporte do Rio. Ou nem tanto. Convoquemos as charretes da Ilha de Paquetá. Devagar e sempre, barato, mas com grande charme, história e o mais difícil: honestidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

... pois as pesquisas indicam...

Após as eleições no Brasil tudo é explicável. Candidato A ganhou porque o candidato B não fez as determinadas ações que lhe competia para vencer o pleito. Ou o candidato C teve grande importância na vitória do candidato A ou B pois, no final das contas apoiou no segundo turno. Sim as pesquisas de intenções de voto avaliam assim a política no Brasil. Determinam de antemão quem vai ganhar e quem vai perder, depois é fácil dizer o por quê.
Mas por que será que as previsões falharam nas eleições presidenciais de agora? Porque fica claro que por trás de uma pesquisa tem uma empresa, e toda empresa neste país tem suas atividade lucrativas ligadas a determinados grupos políticos. Ou seja, toda pesquisa já é encomendada, e como toda encomenda, já se sabe o produto e o destinatário. Mas aí entra uma outra questão: por que o povo não vê isso? Por que votar justo naquele que as pesquisas mostram que está na frente e tem a possibilidade de ganhar?
Tenho uma simples teoria sobre isso. Nossa sociedade ainda vê com bons olhos aquele que triunfa, já que o que vence é o melhor. Ninguém quer ser o segundo, o vice, o perdedor. É assim que as pessoas enxergam quem está atrás nas pesquisas, e isso é influenciado de forma sutil na mentalidade delas pela mídia de massa.
Pesquisa eleitoral não tem nenhum valor sobre o voto, já que um voto é, como já afirmei diversas vezes, um ato de consciência e também de inteligência e moral. Eu não posso entregar o futuro de um grupo à chefia de alguém desqualificado que no momento ou supostamente está liderando a campanha. Falta ato de raciocínio ao povo, que não observa que ele elege um para representar toda nação e definir o futuro do país. Não é um campeonato de futebol, onde o time que está ganhando é o melhor e que poderá vencer.
Nessas eleições ficou claro que alguma coisa está mudando na população, estão cansados de ver um embate entre duas idéias (se é que houveram propostas nestas) que não levam o país adiante. As desculpas dadas às falhas apontando debates e pensamentos de última hora de candidatos como os prováveis culpados não se sustentam. Mas de alguma forma as intenções de voto não serviram mais como base de avaliação de candidato ao povo, como as empresas de pesquisam afirmam. Creio que uma mentalidade nova descortina no horizonte, e possa talvez ser essa a salvação da sociedade brasileira.

Tiririca voto de protesto?

Estamos loucos. Ou será que ainda existe alguém em sã consciência neste Brasil? As análises pós Eleições sobre o absurdo número de votos que este palhaço Tiririca recebeu se dão por conta do enorme protesto que a população de São Paulo deu a este senhor. Ora, em primeiro lugar não vi em nenhum momento ninguém comentando sobre os 400.000 votos do Maluf ou os 500.000 votos do Anthony Garotinho, ou os quase 500.000 também do Jáder Barbalho. Deferidos como candidatos fichas sujas, o povo escolheu estes mesmos, sabendo das irregularidades deles nas administrações passadas. Mas falaremos disso adiante.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do país. Seria ingenuidade (a priori acredito que o povo ainda seja mesmo) pensar que outro estado da federação e não São Paulo (salvo, claro, exceções) tivesse os maiores números de votos para seus candidatos. Parece realmente uma epidemia de perda de memória, tal qual Alzheimer, esquecerem que Maluf sempre foi o mais votado, Enéas Carneiro (o barbudo com bordão inconfundível) conseguiu se eleger deputado federal mais votado história e o Clodovil (o estilista polêmico) um dos mais bem votados também por São Paulo, ademais outros casos.
Mas passada a euforia dessa eleição, agora diante de resultados escabrosos (que já ocorrem há tempos) alguns analistas (e pseudo analistas por que não?) vem a público mostrar a surpresa da eleição do palhaço Tiririca. E como não tem explicação (ou será que tem e não podem dizer ou não querem?) afirmam em debates e discussões nos telejornais que foi um voto de protesto.
Pergunto: o que é um voto de protesto? E mais: o que é protesto? Bem, vamos por partes. Voto é coisa séria, famosa frase de efeito e clichê em época de eleição, isso todo mundo sabe, supostamente. Mas não sabem que voto NUNCA é protesto ou pelo menos não deveria ser. Votar é conscientizar-se do futuro, das atitudes que tomamos e irão transformar-se em efeito em algum determinado momento e espaço. Votamos na mulher bonita, sincera e amorosa pra casar, votamos no melhor carro por conforto, durabilidade e preço, votamos na melhor TV com a melhor imagem pra nossa sala decorar, pra citar alguns exemplos. Votamos (e votar é fazer política pra quem não sabe) por que elegemos aquilo que nossa racionalidade escolhe como melhor pra nossa vida e nosso futuro. Então quando votamos não devemos protestar, devemos escolher o melhor.
Protesto. Palavra esquecida do vocabulário e cotidiano brasileiro. O último bom protesto que vi nesse país foi dos caras pintadas em 92, com a mídia dando total empenho. Protesto se faz nas ruas, povo unido, marchando, cantando, talvez igual aquela canção. Acho difícil hoje esse povo desvairado com as maravilhas da Era Lula fazer algo contra o que está bom pra ele.
O voto no Tiririca e nesses outros candidatos ditos "exceções" é um voto consciente daquilo que o povo brasileiro mais se orgulha: de si mesmo. O Brasil é um espelho que reflete suas características. Porque o país é alegria, carnaval, festa, gente boa, etc. O povo do Brasil é ainda ufanista pós-Getúlio e se orgulha da sua pobreza, seja material, espiritual, moral, científica. Não foram os brasileiros que protestaram seu voto contra os políticos corruptos no Congresso porque foram esses mesmos brasileiros que os elegeram. Até quando iremos culpar o efeito e não a causa?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

votar nulo. eis a questão

Participo como mesário de eleições há 8 anos e nas reuniões que acontecem para esclarecimento dos trabalhos no dia da eleição não há em nenhum momento um debate sobre a possibilidade do voto nulo. O mesmo acontece na TV. A Justiça Eleitoral se limita a impor aos eleitores a propaganda negativa do voto em branco e nulo, afirmando que com isso seu voto será um desperdício para o futuro da nação. As propagandas terminam sempre assim: ESCOLHA SEUS CANDIDATOS, VOTE, NÃO DEIXE DE VOTAR, O FUTURO DA NAÇÃO DEPENDE DE VOCÊ OU DO SEU VOTO. Interessante notar esse tom ufanista e ao mesmo tempo ditatorial da Justiça Eleitoral que ao mesmo tempo deveria salvaguardar o direito a liberdade de escolha e democracia presente nas eleições, pelo menos teoricamente.
O voto em branco e voto nulo, hoje, com as novas tecnologias de eleição na urna eletrônica, representam a mesma coisa do ponto de vista da contagem de votos, ou seja, não serão validados para efeito de contagem total. Pois valerá apenas pra mostrar que você não escolheu um daqueles candidatos expostos ao pleito, será apenas como dizem "estatística". Mas em um país dito democrático e com liberdade de expressão há de se observar o menosprezo à importância de se falar e explicar sobre o voto em branco ou nulo.
Creio que apesar de serem votos inválidos para contagem, não podemos forçar um cidadão a escolher e votar em um candidato, não obstante que o nosso país ainda vive o atraso político e moral do voto obrigatório. Pois o voto em branco ou nulo, hoje, representa a indignação do povo perante aqueles que se dizem futuros representantes do país. Realmente isso exprime uma forma de protesto aos partidos e aos políticos, que mesmo sem o menor caráter para nos representar no poder ainda se lançam como candidatos. Todavia, o voto branco e nulo não mudam uma eleição, mas conferem um tom de incredulidade ao pleito, o que significa e possibilita a mudança de atitude política dos candidatos. Por que será que a Justiça Eleitoral ainda esconde a verdade dos eleitores ao impor o voto dito "consciente" para o "futuro da nação"? Será que essa mesma dita "Justiça Eleitoral" não é composta de pessoas indicadas pelos mesmo políticos que não querem o povo livre pra escolher o verdadeiro caminho para o país?
Voto consciente só existe quando podemos analisar todas as possibilidades de voto, inclusive quando não há nenhum candidato plausível para o eleitor escolher. Mereçamos um melhor respeito daqueles que se intitulam defensores da democracia e do livre arbítrio nas eleições.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Desenvolvimento X Educação

A notícia diz: "Brasileiros gastam mais no exterior". Para qualquer desavisado e ignorante politico-econômico, isso pode ser compreendido do ponto de vista do crescimento do poder aquisitivo do brasileiro, do crescimento econômico do país. Mas o que não se sabe é a série de implicações e razões para isso ocorrer.
Primeiramente isso leva a uma déficit nas transações do Brasil com o exterior, ou seja, levamos prejuízo. Mas principalmente entra mais dólares no país, o que faz o Banco Central intervir para a cotação não atingir níveis alarmantes pro setor de exportação. Mas deixando os termos técnicos e econômicos de lado, veremos que o povo não está tendo o poder aquisitivo que o Governo Federal diz ou que a mídia transforma em holofotes gigantescos. Por que o brasileiro vai lá fora para gastar?
Ora é uma questão simples e complexa de responder ao mesmo tempo. Simples porque está mais barato viajar ao exterior do que dentro do Brasil, já que aqui uma passagem aérea para um destino turístico badalado custa 2 vezes mais que ir para Buenos Aires. Além da falta de infra-estrutura hoteleira e turística, no geral, que cada cidade possui. Ademais, o tão falado "poder aquisitivo" se resume a uma palavra: financiamento. Ora é assim com os automóveis: não aumentaram os salários, nem se abaixou tanto os preços (salvo em alguns casos); o que ocorreu foi um aumento no tempo de pagamento, ou seja, o brasileiro não tem mais medo de ter dívidas super longas e cheias de juros. Vide o otimismo populista que o nosso presidente passa ao povo.
E difícil de responder o porquê no imaginário colonialista brasileiro de Portugal ainda ser a metrópole e a descoberta além-mar apenas mais uma escravista e sem futuro como muitas outras da América colonial. Uma pesquisa analisada ontem no Jornal da Globo, mostra os brasileiros ainda se referindo aos EUA como país padrão de qualidade, desenvolvimento e educação. Construção ideológica capitalista do século XX, já diriam os comunistas de plantão. Mas bem se sabe que há países europeus com melhores taxas de qualidade de vida que dos ianques. No entanto Miami é ótimo para gastar os dólares e cresce também o perfil consumista tupiniquim em alguns países do velho continente.  Para o brasileiro lá fora é que é bom; aqui apenas a mesma chatice de sempre: carnaval, corrupção, novela. Não necessariamente nessa ordem.
É verdade que o nosso querido e respeitado REAL está valendo muito no mercado e provavelmente uma das quatro moedas mais fortes do mundo. Mas o que falta pro desenvolvimento do país? Corte nos impostos dos produtos de consumo geral, redução gradativa e contínua dos juros básicos, investimento maciço do governo em infra-estrutura nas cidades e educação básica e transformadora do pensamento filosófico-cultural brasileiro.

Eleições 2010

Chegou o tempo. O tempo certo, a escolha certa, o candidato ideal. Estamos a poucos dias de eleger alguns dos nossos politicos que irão definir ou definhar o futuro do nosso país. As propostas devem ser analisadas, debatidas, estudadas e enfim balanceadas para saber qual mais se adapta ao crescimento e a organização do povo brasileiro.
No entanto qual candidato tem feito isso em suas explanações? Em curtos períodos de tempo em que aparecem na TV alguns prometem efeitos mirabolantes na política, fazem palhaçadas, atacam os adversários, negam os crimes políticos feitos há alguns mandatos. Poucos se aventuram a dizer propostas verdadeiras, que caibam em seu curto espaço de propaganda e são desprezados pelo público geral. Enfim os poucos "fichas-limpas" que tem propostas, algumas válidas, são esquecidos ou taxados de loucos, bobos.
Outro dia olhando a propaganda para Senador de São Paulo notei o candidato e cantor Moacyr Franco tentando dizer sua proposta. Aliás, olhando sua biografia, ele ja foi eleito deputado federal e não se gaba nenhum pouco dessa passagem da sua vida, como já dito pelo próprio em muitas entrevistas (como esta: http://www.webdiario.com.br/?din=view_noticias&id=47312&search=). Mas o que se nota é que nessa eleição ele foi um dos poucos candidatos sinceros, um dos poucos que realmente condizeram com o perfil político do que deveria ser e ter um candidato: debater, conversar e ser escutado.
Infelizmente, mesmo sendo popular e reconhecido pelo público, foi cortado de seu tempo na TV por puras pretensões políticas partidárias. Provavelmente o partido não quer alguém que se candidata apenas para dizer propostas que não sejam eleitoreiras ou que diz que nem sabe se vai se eleger, que apenas quer ser ouvido sobre o futuro que nos espera.
Nossa política atual mostra apenas competição sórdida e sem benefício para o país: quem pode mais, quem engana mais, quem mostra mais dossiês, quem fala mal do adversário e quem consegue subir na tabela de classificação Ibope/Datafolha. É como um campeonato esportivo, mas sem nenhum fairplay.
Os poucos que querem usar uma filosofia politica de debate e que ainda se aventuram nessa selva política são massacrados, ignorados e execrados. Como confiar em uma nova geração política que não respeita a arte mais pura da política que é o debate, a filosofia?

domingo, 9 de maio de 2010

Drama grego

Um fantasma ronda a Europa. Parafraseando Marx, vemos novidade chegando ao velho continente. Mas não a esperada pelo filósofo alemão. Um problema econômico, de certa forma como ele previu em suas teses. A Grécia dá sinais de cansaço em sua economia, sinais de que algo errado ocorreu lá. Má gestão do dinheiro público, falta de investimento no país, etc..
Qual a solução? Arrochar o povo? Cortar salários? Aumentar impostos? Congelar aposentadorias? Certamente não. E por quê? Ora qual a base do sistema capitalista? Consumo. Como consumir em um país quebrado, onde a população não tem emprego nem vistas de um, e quem tem, com o pouco salário que tem não pensaria nesse momento em comprar e sim em se sustentar junto com sua família? Como o comércio irá pagar para o governo sem consumistas? Como novos comerciantes irão investir no país com impostos mais altos? Como gerar emprego se não há dinheiro para pagar empregados? Como o governo pretende pagar esse empréstimo do FMI e da União Européia se não arrecadar? Será a melhor solução apertar a sociedade e esta não gerar lucro pro governo grego para este então pagar suas dívidas?
Ora a Europa está preocupada em não desvalorizar o Euro, e não se preocupou com a Grécia especificamente, e sim no contágio que ela pode passar para Portugal, Espanha, Irlanda, etc... Mas esses outros países irão tomar as mesmas atitudes erradas e a Europa irá emprestar para salvar suas economias. É tudo um circulo vicioso para sustentar a economia européia emprestando por emprestar sem saber se vão receber de volta e se isso irá salvar a Europa, quanto mais os países em crise. Ora não é preciso ser economista pra saber que arrocho na população não gera lucro pro capitalismo e muito menos pro governo saldar sua dívida, ou seja, o governo local fale, o sistema Europeu fale, e o mundo copia essa crise.
Ora cadê o arrocho nas contas pública desses governos? Por que quando Nicolas Sarkozy pós crise 2009 veio à TV falar e defender um "novo sistema capitalista" não continuou com sua idéia? Faltou interesse, apoio, eco? Pois é os bons economistas alertaram já sobre as crises pós crise que abalou o mundo em 2009, mas nada foi feito, parecendo até que foi mesmo uma marolinha. Pois o que importa para os grandes empresários é o lucro, somente o lucro, o amanhã não importa pois esse também será de ... lucro.
Não é apologia a Marx e seu Socialismo, mas já está na hora desses governantes das ditas nações mais ricas começarem a repensar o capitalismo como modelo econômico e dar novos rumos para os países e para a própria população.

domingo, 25 de abril de 2010

50 anos: a História quase se repete.

50 anos de Brasília. O que temos para comemorar? Apenas um projeto bem sucedido, sinônimo de qualidade arquitetônica, e um indice de qualidade de vida muito bom(dentro da capital).
Por fora vemos favelas, gente sem emprego e educação básica, saneamento precário e destruição ambiental. Logo relembro o Rio de Janeiro. 1808. Sim nessa data Portugal toma o Brasil como o futuro do império, cria várias insituições, melhora a cidade (entre aspas), e sonha com uma capital melhor. No entanto vem a favelização, o tráfico, as construções desordenadas destruindo um ecossistema. É. Mesmo problema de Brasília, construída pra desafogar a insalubridade política e social do Rio. Se transformou em um Rio 2. Com a diferença arquitetônica que no Rio de Janeiro é histórica e não preservada e em Brasília até Niemeyer viver está garantida.
O sonho de trazer desenvolvimento pro Brasil também gorou. Na capital fluminense só estagnou as maiores cidades a se desenvolverem próximas ao mar. Com Brasília pouco ou quase nada cresceu pra cá. A não ser oceanos e oceanos de boi e soja.
Estradas seriam planejadas e abertas pra interligar o Brasil. Assim foi com a Estrada Real. Assim foi com a Transamazônica. As duas viraram motivo turístico. Uma Turismo Histórico. A outra turismo animal(só se vê bicho, gente que é bom nada).
Parece que toda a idéia por trás da construção de Brasília ficou no pensamento, igual em 1808. Naquele época também endividada, a Coroa Portuguesa roubou muito e praticou deliberadamente a corrupção. Em Brasília não havia endividados, mas endividaram um pouco mais o Brasil, ou nós, os pobres mortais, o povo brasileiro.
Pena que Brasília não deu certo. Estamos longe do "milagre brasileiro" de "fazer 50 anos em 5".

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Falência da Cultura de um Povo

O esquecimento da nossa cultura é um dos fatores que mais desagradam aqueles que procuram de alguma forma pesquisar sobre o que de relevante nossa nação possui nas artes, na história, na sociedade política, na tecnologia. Isso ocorre quando cada vez mais a educação e o ensinamento de valores sociais e morais são passados desapercebidos nas escolas nacionais. Vê-se muito o hoje, o que será que podemos fazer pra brilharmos hoje. "Fique bonita e linda usando HAIRSPRAY hoje e seja uma estrela" "Brilhe seu amanhã" é o mais futurista que podemos alcançar.
É um drama ver aqueles que contribuíram para o crescimento da sociedade, a formação desta mesma em um todo de repente serem abandonados, esquecidos, apartados do cotidiano social. Outro dia estava lendo sobre o que aconteceu ao cantor Nelson Ned e fiquei surpreso com o que ocorre com a cultura na nossa sociedade. Foi muito famoso, ganhou muito dinheiro e se viciou nas drogas, logo buscando "salvação" mas igrejas evangélicas. Mas apesar disso hoje sofre problemas de saúde e não tem ajuda de igrejas das quais muito já cantou em seus cd's louvores a Cristo. Está esquecido até dos amigos e artistas, que se negam a contribuir para salvar um ícone da musica nacional.
Até aí pode ser piegas ficar dramático com o problema dos outros, não obstante que não se é piegas quando se diz que é cristão, mas a grande questão é: quando se lembra em algum programa ou rádio o nome desse cantor? Desse que foi o único na América Latina a lotar 4 vezes o Carnegie Hall e vender 100 milhões de discos nos EUA? Que é o artista brasileiro talvez mais reconhecido que Roberto Carlos na América Latina?
Entretanto, enquanto isso vemos artistas sem experiência nenhuma, sem sucesso nenhum, sem tino pra arte entrarem no hall da fama e grudarem como chiclete nas rádios todas manhã e tarde, infernizando nossos aparelhos radiofônicos automotivos e do lar. Na mesma linha de pensamento e no mesmo GOOGLE apareceu a triste história de Tinoco, da dupla Tonico e Tinoco. Está sozinho sem o companheiro, tendo de gastar com tratamento caro de saúde da mulher, recebendo do INSS a módica quantia de R$ 1000,00 por mês, e tendo de se apresentar em shows pela metade do valor que ganhava com a dupla, aos quase noventa anos de idade. Detalhe: quase 2.000 canções compostas e gravadas que serviram de base para muitas duplas sertanejas de sucesso consolidado hoje em dia que nem se dão conta do esquecimento desses baluartes da cultura nacional. Está sendo ajudado por outros artistas também em esquecimento mas que conseguiram uma melhor oportunidade da vida pós sucesso.
O que dizer desses casos? É simplesmente elucidar que o povo brasileiro esquece das obrigações de perpetuar aquilo que solidificou as estruturas culturais do seu país, esquece que para hoje termos bandas e cantores despontando em um sucesso arrebatador no cenário meteórico das artes é porque houve antes outros que trilharam um caminho de dificuldades para ter seu sucesso reconhecido e abrir os olhos dos empresários para o lucro que pode vir das artes.
O que fazer? Não é jogar fora todo estilo musical ou rechaçar este ou aquele grupo/cantor, é saber discernir do que é bom e o que não é bom, o que pode contribuir para o progresso e o que somente vai trazer atraso ou nos deixar estacionados na evolução. A sociedade tem meios e gente capacitada e apta para trabalhar na preservação do antigo e divulgação do novo conteúdo cultural de nosso país. Falta essa própria sociedade colaborar e cobrar de quem é capacitado e pago pra fazer isso. Resta apenas algumas notícias esparsas na internet e pesquisadores ou curiosos para descobrir e divulgar como andam nossos melhores artistas e contribuintes da sociedade cultural estagnada que vivemos hoje.