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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

FHC

Independente do resultado das eleições desse ano, o Brasil sairá ganhando, mesmo que os candidatos não efetuem suas promessas. Graças à estabilidade do país, e os avanços que o Brasil conseguiu nessas últimas décadas. Claro que haverá declínios, caídas e percauços, mas nosso país já tem boas bases para o progresso sucessivo, graças às políticas adotadas.
Infelizmente nessa história de estabilização do país, muitos foram renegados como responsáveis pelo desenvolvimento dessa estabilização. Fernando Henrique Cardoso foi presidente do Brasil na década de 90, criou o Plano Real, acertou a politica econômica e criou os alicerces fortes de relações diplomáticas e econômico-sociais com outros países. No entanto, não é visto como um dos pilares da mudança do país, mas como atraso por todos os partidos políticos e pelo próprio povo. Criou-se uma imagem deteriorada de sua gestão, por causa de crises, privatizações, falta de investimentos. Mas a História está aí pra analisarmos e deduzirmos se isso é mesmo verdade.
No início dos anos 90 o Brasil enfrentava uma inflação galopante conquistada desde o início do século, e que foi passando governo, saindo governo, só piorando. Collor abriu novamente o mercado brasileiro às importações, deu início às melhorias econômicas futuras. Infelizmente por outros atos acabou saindo do governo. Itamar Franco, que sucedeu-lhe, implantou novos rumos no país, iniciando o período de reajuste da economia e do social. Também é outro que muito pouco é lembrado nesse país. FHC entra no governo em 95, cria o Plano Real, moeda forte que compatibiliza com o dólar americano e fornece condições à população de "fazer a feira" por exemplo, com apenas uma nota de Real. Realiza condições sociais de desenvolvimento, como o Bolsa escola e o Bolsa saúde, posteriormente no outro governo se tornando o Bolsa Família.
Segundo alguns especialistas, privatização é o processo de venda de uma instituição do Patrimônio Público para o setor privado, ou seja, desestatização da empresa pública sem que o Estado deixe de ter uma parcela de controle e reponsabilidade. Ora o fortalecimento das intituições públicas do país se deu com Getúlio Vargas e o que podemos nos orgulhar? Faltam recursos, faltam funcionários qualificados, falta serviço, falta salário digno, falta política pública de gerenciamento de milhares de orgãos e cargos públicos que nascem e oneram o Estado. Por que o contribuinte deve pagar impostos para sustentar algo falido, que não propicia melhorias e nem desenvolve o país? Privatização é desonerar o Estado daquilo que não dá certo, que o Governo Federal não dá conta mais de sustentar por motivos óbvios. O Estado não pode ser mais visto como poder, autoritarismo, como pai social do país. Quanto mais o Estado participa da vida pública, menos condições tem de se sustentar e pagar os dividendos que contrai. Quanto menos o Estado participa, mais a população sofre sem investimentos, sem ajuda, sem força até de ordem moral. Qual a solução? Privatizar o que não está dando certo, mas não entregar totalmente ao capital privado, ter controle e poder de fiscalização sobre as empresas que venceram o leilão. A Vale rendeu muito mais depois da privatização, assim como o setor de telefonia pública. Muitos bancos estatais estão sucateados, merecendo uma revisão de suas políticas. Infelizmente quem defende o Estado como pai é aquele que quer usá-lo para o populismo e nepotismo.
Outro problema atrubuído a FHC é a questão do arrocho. No entanto não observam que o país estava quebrado, sem políticas econômicas consistentes, sem um plano diretor nesse sentido. Anos de atraso na ditadura militar tiveram essa consequência. Ou seja, Fernando Henrique tinha de fazer igual um pai de família com contas atrasadas e sem dinheiro em caixa: economizar, suprir gastos, gerar receita líquida, investir externamente pra render lucros internamente. Infelizmente o percauço da crise de 98 abalou esse projeto, subindo o câmbio do Real e levando o país a estagnar no seu progresso. Considero ainda que nunca usou de manobras políticas para eleger correligionários de partidos, não calou a imprensa diante de escândalos do Congresso, não usou de demagogia para ganhar votos. Era um presidente com inteligência suficiente para elevar à categoria de nação propriamente dita este Brasil.
Hoje temos uma espécie de referendo nas eleições: ou o Brasil avança com o populismo, corrupção e nepotismo do governo atual, ou retrocede com a construção de base pra sustentação e estabilização e com projeto de avanço sócio-econômico do país. Pois se hoje alguém se vangloria da pseudo-nação que ainda temos é graças a alguns políticos como Fernando Henrique Cardoso que estão demarcados no ocaso por uma política e uma mídia atuante na ignorância da população sem capacidade de raciocínio. Se hoje podemos gastar muito no exterior, comprar parcelado muitos produtos, orgulhar da pobreza que virou classe média, temos também de refletir se isso foi por obra do destino, ou se alguém com a  capacidade de FHC tirou o país do ostracismo para elevá-lo a uma categoria superior.

domingo, 24 de outubro de 2010

Em defesa das Universidades

Infelizmente essa campanha eleitoral, no que tange à educação, só ambiciona criação de novos cursos técnicos, que os candidatos dizem ser o melhor para o desenvolvimento educacional no país. Os dois postulantes à vaga de presidente não tem outro programa ou idéia para resolver a calamidade que a educação no Brasil se tornou.
As universidades foram criadas mais ou menos no século XII na Europa, em uma época de Renascimento do conhecimento intelectual. Desde então o papel das universidade foi de elevar à categoria de debate as idéais concebidas ali, pois se tratavam de locais embrionários de novas luzes, novos saberes. Uma universidade é, portanto, um centro filosófico de idéias, onde as mesmas passam por apurados debates e discussões até se desenvolverem novos métodos. A teoria e  a prática fazem parte da universidade.
O Brasil foi um dos últimos países da América a aderir a criação de universidades, e desde então esses privilegiados locais de inteligência foram paulatinamente jogados à deriva, sem um rumo e um projeto definidos. Com o advento do mercado de trabalho capitalista, a formação nas universidades transformou-se em um aspecto mais técnico, de formação de mão de obra qualificada, algo que não condiz com o preceito de faculdade.
Com isso, foram criados os cursos técnicos, como forma mais rápida de criar homens capazes de expor seu depósito de memória em frentes de trabalho. O curso técnico é a maneira eficaz de suprir o mercado de trabalho capitalista voraz por braços e pernas sustentando o crescimento econômico. Na verdade, o curso técnico em alguns casos é uma partícula dos cursos universitários que formam na teoria e na prática, ou seja, como se demora no mínimo 4 anos pra se deter um título em uma universidade, esses cursos surgem para minimizar o tempo e ensinar somente os métodos práticos, sem o embasamento filosófico que cada cátedra contém.
Mas esses cursos não podem figurar como formas capazes de sustentar a educação no país. Temos uma deficiência enorme no ensino básico e no médio, pois professores mal preparados saem das universidades sucateadas e transferem parco ou péssimo conhecimento para alunos inaptos de ingressar em uma faculdade, idem em um curso técnico. Sim, pois para ingressar em um curso técnico, necessitamos ter excelentes compreensões de aritmética, língua portuguesa, conhecimentos gerais, língua inglesa. Existem muitos cursos que exigem nas suas normas técnicas de aprendizados o saber da lingua inglesa e aritmética, por exemplo, informática.
Acredito que as universidades podem sim dar a sustentação necessária para o futuro de cada nação, independente da área. Em educação, somente com bons professores graduados e possivelmente pós graduados poderemos ter níveis de excelência nas escolas de ensino básico e médio, formando cidadãos capazes de refletir e posicionar-se desde cedo sobre as questões que se apresentam passíveis de resoluções. Funciona como uma cadeia dependente, onde se dá condições e se investe aprimorando as universidades do país, gerando riqueza de conhecimento para ser reflexionado dentro dessas instituições e posteriormente, quando formado, gerar riqueza de conhecimento e prática dentro do mercado de trabalho, fornecendo efeitos influentes que desencaderão novamente nas faculdades e universidades, revolucionando-as, em uma ordem progressiva contínua.
O que devemos observar é se queremos o futuro do país em robôs preparados tecnicamente para atender o consumismo exacerbado de meia dúzia de detentores da riqueza e do poder ou se queremos centros e instuições capazes de criar conhecimento útil para novas idéias vindouras e frutificadoras de novos projetos para a sociedade. 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Tropa de Elite 2

Um Rio de Janeiro marcado pela violência, corrupção, drogas. Essa é a imagem passada no filme Tropa de Elite 2, que não difere muito do que foi visto no primeiro longa. Já era de se esperar que nessa continuação os temas citados acima fizessem parte, e agora englobando a política ainda mais visualmente. O problema é o ganho que nós temos com esse assunto.
O Rio não apresenta nenhuma novidade na sua história com relação às mazelas que são periodicamente apresentadas ao público em geral. Verdade sim que essas mazelas também ocorrem em outras partes desse país. Mas será que a Cidade Maravilhosa é mesmo o espelho do Brasil? Em muitas regiões do interior de Minas Gerais por exemplo não encontramos viciados e malandros provocando arrastões nas ruas e tomando de pânico a população. Não vemos no Norte ou Centro-Oeste bandidos que assaltam ônibus, que rendem os passageiros e ainda viram tema de longa-metragem. Também não vemos no Sul do país tiroteios a qualquer hora do dia, onde morrem turistas, transeuntes e gente de toda espécie.
O filme em cartaz só traz as banalidades desta cidade que há mais de 4 séculos convive com uma espécie de "carioca way of life" onde o apreço pelo jeitinho malandro sempre foi bem visto, inclusive nos filmes que lotam as sessões de cinema. Saber que há corrupção na polícia carioca, os jornais falam todos os dias. Saber que há nobres deputados envolvidos em esquemas de corrupção com os traficantes, as revistas tratam sempre. Saber também que constantemente há arrastões nos edifícios, nas praias e nas ruas, os noticiários da TV já dão conta de nos mostrar. Mas também sabemos que há gente interessada nisso, em ver esses estragos sendo transformados em atração.
Porque se há um estrondo de bilheteria não é porque existe um Capitão Nascimento que deleita o imaginário de pessoas ansiosas por verem a justiça feita de forma prática. É porque existe uma espécie de divertimento, de lazer, de se ver representado nas grandes telas, como alguém que tem algo a mostrar. O que ocorre é que esse tema não leva a um raciocínio lógico dos problemas reais passíveis de solução, mas sim um financiamento dos crimes hediondos que fazem parte cotidianamente na vida de milhares de pessoas. O bandido também vê TV, cinema, rádio. Ele é tão humano quanto nós. E tem orgulho do que faz assim como qualquer ser humano. A diferença é que ele se orgulha do mal que pratica e que encontra eco nas pessoas que aplaudem o auto retrato de sua sociedade.

Onde estão os ideais da Revolução?

Não é de hoje que a França é conhecida por suas "revoluções". Revolução Francesa foi o símbolo da liberdade, igualdade e fraternidade. Liberdade do homem, de poder pensar e agir conforme sua vontade. Igualdade para lembrá-lo que somos todos únicos e filhos de uma mesma origem. Fraternidade para sermos solidários com esses outros homens dos quais convivemos em sociedade e que precisam uns dos outros.
No entanto no decorrer dos séculos parece que os franceses se esqueceram desses ideais. No último noticiário aparece uma greve violenta e de efeito catastrófico sobre toda França. Onde está a liberdade do homem em propor mudanças como uma lei que irá beneficiar uma população de faixa etária alta, onde se sabe que uma previdência não suportaria se não houvesse colaboração de todos em trabalhar alguns anos a mais? Onde está a igualdade quando a greve imposta há vários dias prejudicam vários trabalhadores e pessoas que necessitam de combustível, transporte e serviços básicos? Onde está a solidariedade sabendo que se essa lei não for posta em prática os futuros trabalhadores não terão uma aposentadoria digna que não pode ser sustentada somente pelo erário do Estado?
Ora o presidente Nicolas Sarkozy sabe que a reforma do sistema previdenciário é importante para assegurar a continuidade nem tão tranquila da aposentadoria dos trabalhadores franceses. E por isso passa por protestos violentos de sindicatos que politicamente tentam enfraquecê-lo para não obter bons resultados no seu próximo pleito. O mesmo aconteceu com o presidente Obama ao tentar reformas semelhantes nos EUA, que provocariam mudanças fundamentais no modo de vida de vários cidadãos.
Mas na França, berço de uma cultura filosófica e política tão rica, as mudanças deveriam já fazer parte de sua História, com objetivo de debater e dialogar novas propostas que signifiquem melhoria de vida para toda a sociedade. Novamente parece que os ideais da revolução formam hoje apenas um eco, um último brado de um apelo à mudança da França e do mundo.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Os mineiros do Chile e do mundo

Hoje encerra-se mais um episódio histórico e trágico da humanidade: o resgate dos mineiros do Chile. Graças à tecnologia empregada nesse resgate, em pouco tempo os 33 mineiros que estavam presos há quase 700 metros de profundidade puderam ser içados através de uma cápsula arduamente testada. Aliás essa tecnologia só foi possível graças à intervenção americana, visto que muitos projetos modernos do Chile hoje são impulsionados graças à extensa colaboração dos EUA nessa área.
Mas infelizmente essa aparente tecnologia de resgate esconde a situação precária que envolve esses mineiros chilenos e tantos outros. A extração de cobre no Chile ainda é um dos propulsores econômicos do país e o atraso nesse tipo de trabalho remonta ao sèculo passado, quiçá ao retrasado. As condições ainda difíceis que vivem embaixo da terra sem as altas condições de segurança são alvo de grandes denúncias por parte de associações pró trabalhadores. A declaração dos direitos do homem e do cidadão datam da Revolução Francesa, mas parece que não só no Chile, mas em várias minas ao redor do mundo isso não é muito respeitado.
O Chile é um dos países mais adiantados da América do Sul em educação, cultura e mesmo teconologia. A China também tem minas e é um país avançado em tecnologia atualmente. Pergunta-se por que existe tanta capacidade de criação de armas de destruição em massa e não há sequer uma nova idéia ou projeto de escavação e perfuração em minas que não se utilize o trabalho humano? Porque por mais que haja toda segurança, se é que existe segurança pra um serviço desses, sempre haverá possibilidade de ocorrer alguma falha, visto que estão em uma profundidade grande, sem luz, sem saída aparente, com pouco ar e resistência sempre menor às adversidades.
O salário também é muito baixo, e o psicológico de um mineiro e sua saúde sempre são prejudicados ao longo do tempo. Não existe possibilidade de avanço em educação, visto que passam mais tempo debaixo do solo que em banco de sala de aula. Não denuncio aqui somente as condições do mineiros chilenos, mas dos bolivianos, dos chineses, dos mexicanos. Existe muitas possibilidades de tecnologias mais avançadas para esse quesito e que infelizmente não está na pauta dos governantes.
Esses mineiros terão sorte, pois com a fama outorgada pela mídia onipresente nas tragédias mundiais, receberão toda ajuda necessária, financeiramente e psicologicamente. Resta saber quanto outros mineiros no mundo terão esta sorte. Muitos morrem antes em falhas mecânicas de extração. Mas poucos sobrevivem para dizer: estou vivo.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Religião na Política Brasileira

Esse segundo turno das Eleições 2010 será marcado pela disputa religiosa de votos da Marina Silva. Esta conseguiu uma quantidade expressiva de eleitores que nem os institutos de pesquisa adivinharam graças à sua pessoa e sua posição religiosa contra o aborto. Mas qual candidato deste segundo turno realmente poderia se valer dessa atitude às vésperas do pleito: o padre Serra ou a madre Dilma?
As reportagens estão afirmando, Dilma sempre foi a favor do aborto no Brasil. José Serra entra como o católico praticante, aquele que desde pequeno frequentava aquelas enfadonhas missas em latim. Mas entretanto enquanto Ministro da Saúde nada fez para reparar esse dano à saúde, muito menos com relação às drogas, um dos seus grandes trunfos de campanha.  Fato é que independente da posição religiosa dos candidatos, cresce a cada ano o número de mulheres aborteiras e casas que praticam este ato. Isso não é divulgado no governo Lula, aliás muitas realidades que deveriam virar propostas não são divulgadas.
Estão usando a crença, a religião do povo brasileiro a favor de algo que não deveria entrar no cenário político de eleição dessa maneira, como forma de angariar votos de pessoas a favor ou contra dogmas religiosos. Política no Brasil ainda é racional, não religiosa, o que não significa que grandes temas que envolvam religião não possam ser debatidos. Os atos cristãos, dos quais muitos brasileiros se esquivam, mesmo afirmando-se assim, estão fora da pauta política há séculos. Educação, saúde, cidadania, direitos humanos, honestidade e moral são valores sociais e também religiosos, não se distanciando um do outro como querem alguns.
O aborto é um excelente tema para se discutir em campanha, mas adendo de tantos outros temas mais importantes para o crescimento do país em inteligência e moral. Marina Silva foi um importante meio de veiculação desta temática, agora é o momento de estudarmos mais a sério esse caso então.
Mas não usar de ambientalismo nem de religião para cooptar votos, usar o imaginário medieval dos brasileiros religiosos para impor voto, nem ter duas ou mil caras para dizer algo às vésperas de campanha.
Usar Igrejas, Templos, Casas de orações como rendimentos políticos e de votos é uma prática tão antiga e dantesca quanto o roubo do Estado. Essas eleições devem se pautar pela apresentação de propostas e não apresentação de Jesus e o Diabo guerreando temas tão próprios do íntimo da sociedade.

domingo, 10 de outubro de 2010

A arte de mover no Rio

Não é de hoje que o serviço de transporte no Rio de Janeiro beira o caos. Na verdade está há muito tempo vivendo o caos. Neste domingo o Fantástico exibiu matéria sobre a máfia dos taxistas cariocas que detêm poder quase absoluto sobre vários pontos da cidade. O mais estarrecedor é a polícia que serviria para fiscalização e defesa dos direitos do usuário servindo como apoio à corrupção e prática de abusos por parte desse ditos motoristas.
Meu contato com o Rio é antigo e desde muito tempo observo que para conseguir se locomover naquela cidade é mais difícil que encontrar o Papa. Pois bem, as ruas históricas no centro e na zona sul, àreas mais turísticas, não servem mais ao tráfego intenso de veículos que hoje cresce assustadoramente em todo país. Pois o senhor prefeito Eduardo Paes quer então fechar a Avenida Rio Branco, a de maior tráfego de ônibus, táxis, carros, vans no centro antigo para ali se transformar em uma espécie de super Largo da Rio Branco. Aliás só há duas grandes avenidas no centro do Rio de Janeiro. A Presidente Vargas foi construída da demolição de patrimônio. Será que também vão destruí-la pra fazer, talvez, não sei, uma grande pista de skate?  Assim é tratado ao mesmo tempo Patrimônio Histórico e trânsito na cidade maravilhosa.
Os ônibus que datam dos anos setenta e que mais param do que andam, mereciam uma reforma completa ou troca de frota imediata. Não é difícil ver na zona sul, onde são melhores, muitos ônibus quebrando pelas ruas já congestionadas, piorando o trânsito. Isso quando não ocorre um acidente grave por excesso de velocidade destes motoristas mal preparados ou por falta de manutenção dos veículos.
O metrô do Rio é outro caso a parte. Atrasadíssimo há anos agora vai deixar o papel e ir para a prática. Pelo menos para a Copa de 2014, onde deve chegar até o princípio da Barra da Tijuca. Detalhe: os Jogos Olímpicos de 2016 ocorrerão no meio da Barra e os aeroportos não são servidos de metrô.
Os táxis cariocas são o pior sistema de transporte. Por quê? Bem, grande parte são velhos, péssima manutenção, motoristas mau educados (há honrosas exceções), mal preparados que dirigem como loucos, além de porcos, que quando em vias de fazer suas necessidades fisiológicas, arrumam qualquer beco para satisfazer sua ânsia. Isso dá ao Rio de Janeiro, em plena zona sul, aquele cheiro característico de sal e uréia no ar...
É difícil saber qual táxi é pirata e qual tem alvará. Muitos são iguais, amarelos, com placas vermelhas, mas não estão dentro da lei. Na Rodoviária Novo Rio é o pior caso ao meu ver, já que não há um espaço certo, orientado e amplo dedicado a isso. Quem não tem noção do que é malandragem, logo se vê enganado pelo anúncio fácil de corridas longas a preços módicos. O problema é que fiscalização não há, nem com denúncia, apenas fingem que passam por lá, olham e vão embora. Essa mesma polícia do Rio que agora está em cartaz de novo, não para louvá-la mas para massacrá-la perante o público de Tropa de Elite 2.
Essa cidade irá receber dois eventos importantes até 2016. Como serão transportados os visitantes? Talvez, como o bom humor brasileiro sempre está presente,  haverá uma novidade no transporte do Rio. Ou nem tanto. Convoquemos as charretes da Ilha de Paquetá. Devagar e sempre, barato, mas com grande charme, história e o mais difícil: honestidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

... pois as pesquisas indicam...

Após as eleições no Brasil tudo é explicável. Candidato A ganhou porque o candidato B não fez as determinadas ações que lhe competia para vencer o pleito. Ou o candidato C teve grande importância na vitória do candidato A ou B pois, no final das contas apoiou no segundo turno. Sim as pesquisas de intenções de voto avaliam assim a política no Brasil. Determinam de antemão quem vai ganhar e quem vai perder, depois é fácil dizer o por quê.
Mas por que será que as previsões falharam nas eleições presidenciais de agora? Porque fica claro que por trás de uma pesquisa tem uma empresa, e toda empresa neste país tem suas atividade lucrativas ligadas a determinados grupos políticos. Ou seja, toda pesquisa já é encomendada, e como toda encomenda, já se sabe o produto e o destinatário. Mas aí entra uma outra questão: por que o povo não vê isso? Por que votar justo naquele que as pesquisas mostram que está na frente e tem a possibilidade de ganhar?
Tenho uma simples teoria sobre isso. Nossa sociedade ainda vê com bons olhos aquele que triunfa, já que o que vence é o melhor. Ninguém quer ser o segundo, o vice, o perdedor. É assim que as pessoas enxergam quem está atrás nas pesquisas, e isso é influenciado de forma sutil na mentalidade delas pela mídia de massa.
Pesquisa eleitoral não tem nenhum valor sobre o voto, já que um voto é, como já afirmei diversas vezes, um ato de consciência e também de inteligência e moral. Eu não posso entregar o futuro de um grupo à chefia de alguém desqualificado que no momento ou supostamente está liderando a campanha. Falta ato de raciocínio ao povo, que não observa que ele elege um para representar toda nação e definir o futuro do país. Não é um campeonato de futebol, onde o time que está ganhando é o melhor e que poderá vencer.
Nessas eleições ficou claro que alguma coisa está mudando na população, estão cansados de ver um embate entre duas idéias (se é que houveram propostas nestas) que não levam o país adiante. As desculpas dadas às falhas apontando debates e pensamentos de última hora de candidatos como os prováveis culpados não se sustentam. Mas de alguma forma as intenções de voto não serviram mais como base de avaliação de candidato ao povo, como as empresas de pesquisam afirmam. Creio que uma mentalidade nova descortina no horizonte, e possa talvez ser essa a salvação da sociedade brasileira.

Tiririca voto de protesto?

Estamos loucos. Ou será que ainda existe alguém em sã consciência neste Brasil? As análises pós Eleições sobre o absurdo número de votos que este palhaço Tiririca recebeu se dão por conta do enorme protesto que a população de São Paulo deu a este senhor. Ora, em primeiro lugar não vi em nenhum momento ninguém comentando sobre os 400.000 votos do Maluf ou os 500.000 votos do Anthony Garotinho, ou os quase 500.000 também do Jáder Barbalho. Deferidos como candidatos fichas sujas, o povo escolheu estes mesmos, sabendo das irregularidades deles nas administrações passadas. Mas falaremos disso adiante.
São Paulo é o maior colégio eleitoral do país. Seria ingenuidade (a priori acredito que o povo ainda seja mesmo) pensar que outro estado da federação e não São Paulo (salvo, claro, exceções) tivesse os maiores números de votos para seus candidatos. Parece realmente uma epidemia de perda de memória, tal qual Alzheimer, esquecerem que Maluf sempre foi o mais votado, Enéas Carneiro (o barbudo com bordão inconfundível) conseguiu se eleger deputado federal mais votado história e o Clodovil (o estilista polêmico) um dos mais bem votados também por São Paulo, ademais outros casos.
Mas passada a euforia dessa eleição, agora diante de resultados escabrosos (que já ocorrem há tempos) alguns analistas (e pseudo analistas por que não?) vem a público mostrar a surpresa da eleição do palhaço Tiririca. E como não tem explicação (ou será que tem e não podem dizer ou não querem?) afirmam em debates e discussões nos telejornais que foi um voto de protesto.
Pergunto: o que é um voto de protesto? E mais: o que é protesto? Bem, vamos por partes. Voto é coisa séria, famosa frase de efeito e clichê em época de eleição, isso todo mundo sabe, supostamente. Mas não sabem que voto NUNCA é protesto ou pelo menos não deveria ser. Votar é conscientizar-se do futuro, das atitudes que tomamos e irão transformar-se em efeito em algum determinado momento e espaço. Votamos na mulher bonita, sincera e amorosa pra casar, votamos no melhor carro por conforto, durabilidade e preço, votamos na melhor TV com a melhor imagem pra nossa sala decorar, pra citar alguns exemplos. Votamos (e votar é fazer política pra quem não sabe) por que elegemos aquilo que nossa racionalidade escolhe como melhor pra nossa vida e nosso futuro. Então quando votamos não devemos protestar, devemos escolher o melhor.
Protesto. Palavra esquecida do vocabulário e cotidiano brasileiro. O último bom protesto que vi nesse país foi dos caras pintadas em 92, com a mídia dando total empenho. Protesto se faz nas ruas, povo unido, marchando, cantando, talvez igual aquela canção. Acho difícil hoje esse povo desvairado com as maravilhas da Era Lula fazer algo contra o que está bom pra ele.
O voto no Tiririca e nesses outros candidatos ditos "exceções" é um voto consciente daquilo que o povo brasileiro mais se orgulha: de si mesmo. O Brasil é um espelho que reflete suas características. Porque o país é alegria, carnaval, festa, gente boa, etc. O povo do Brasil é ainda ufanista pós-Getúlio e se orgulha da sua pobreza, seja material, espiritual, moral, científica. Não foram os brasileiros que protestaram seu voto contra os políticos corruptos no Congresso porque foram esses mesmos brasileiros que os elegeram. Até quando iremos culpar o efeito e não a causa?