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sexta-feira, 26 de junho de 2009

Fim do diploma de jornalismo: ameaça aos cursos superiores

O fim do diploma para Jornalismo, decisão tomada pelo STF põe em risco tanto as nossas futuras matérias jornalísticas como também outras profissões. Analisando a história do jornalismo vemos que este já começou na Antiga Grécia, onde pesadas tabuas eram distribuidas para os nobres saberem sobre notícias jurídicas e políticas. Posteriormente com a tipografia é que surgiram os primeiros periódicos na Europa. Mas vemos que nessa época não havia ainda uma técnica para escrever notícias ou abordagens de jornalismo. Pois não existia propriamente um estudo sobre um tipo de serviço ou trabalho que era relegado mais a área comercial, ou a burguesia, que não tinha acesso a meios mais intelectuais de aprendizado. Mas com o advento da burguesia no poder é que houve uma busca de aperfeiçoamento de certos trabalhos, ou o profissionalismo.
Bom mas saindo do resumo histórico e partindo para nosso objetivo, vemos que hoje as matérias mais interessantes que lemos e ouvimos, seja no carro, no trabalho, em casa, no avião viajando ou até mesmo no banheiro partiram de profissionais que estudaram e se aprofundaram na técnica de escrever os fatos e os acontecimentos. Lutaram para isso, batalharam para se tornarem especialistas nos que fazem. No entanto no regime militar, por interesse próprio de calar a boca de várias pessoas que escreviam e panfletavam contra a ditadura, uma junta militar decidiu impor uma lei que previa somente direito de falar quem tivesse curso superior de Jornalismo, uma forma de cercear os direitos do povo. No entanto, sem saber, eles estavam prestando um favor a ciência da escrita: estavam dando poderes e meios concretos de vários homens e mulheres ingressarem na carreira para então mostrar e descrever à sociedade o que acontece no Brasil e no mundo.
Mas o que ocorre é que vivemos em um meio onde cada dia mais um diploma de nivel superior é algo quase trivial e fútil para um mercado de trabalho com muitos formados e poucas vagas. Por isso uma forma de excluir alguns possíveis candidatos é a pós-graduação. Mas mesmo esse meio de melhoria no curriculo é considerado pouco hoje em dia pois há uma facilidade imensa de se conseguir um diploma de doutor em certas e proliferantes universidades particulares. O comércio então, pois o mercado de trabalho é o comércio, não pode pagar o preço de um diploma de doutor, pois seu objetivo é lucrar mais e perder menos. Ou seja precisa de pessoas que vendam sua mão-de-obra por um preço baixo, muito baixo. Isso é explicado pelo capitalismo ou as doutrinas marxistas.
Mas com essa decisão do STF fica claro que eles não fizeram um bem a comunidade jornalistica por dar fim a uma lei militar que ainda existia e feria a constitucionalidade, mas beneficiar certos meios de comunicação com mão-de-obra menos qualificada e por conseguinte mais barata.
Pois como a representante da Sertesp, que pediu o anulamento da lei de obrigatoriedade do diploma, disse em entrevista após a decisão do STF, a atividade de jornalismo não exige qualificação técnica e sim é uma atividade meramente intelectual. Ainda disse que muitas pessoas poderiam preferir receber informações médicas de um profissional da área do que um de comunicação.
Agora resta discutirmos: como não exige qualidade técnica e somente atividade intelectual? Quer dizer que para cursos de comunicação e escrita somente vale um simples pensamento sem nexo, sem senso crítico, sem aprofundamento teórico? Isso significa um grande perigo a todos os outros cursos, inclusive o de História, pois este até pouco tempo atrás era considerado como especialização de Ciências Sociais. Mas indo além: será mesmo que um médico, que por experiência da sociedade possui uma das letras mais feias dos cursos superiores teria capacidade e tempo para escrever sobre as descobertas científicas e biológicas que ocorrem da Sibéria ao Brasil? Será que um advogado iria mesmo procurar escrever criticamente contra decisões tomadas pelo STF, como esta?
Mas vamos um pouco além: por que então, se é por critérios apenas técnicos também não extinguimos a obrigatoriedade da medicina como curso superior? Porque até hoje temos parteiras, temos curandeiros, temos farmacêuticos que vendem remédios conforme acham por experiência, e nós mesmos que tomamos remédios conforme nossa experiência. E novamente analisando a História, vemos que nos séculos passados a profissão de médico não existia e que era apenas vista como pessoas que trabalhavam com alquimia, ervas, curas milagrosas, trepanações e até mesmo foram confundidos com bruxos. Mas é claro, como disse o ministro Gilmar Mendes, essas profissões exigem critérios técnicos pois ele não vai deixar a vida dele nas mãos de qualquer um não é mesmo? Mas as críticas diariamente feitas ao STF podem ser amenizadas se contratado um pseudo-jornalista que pago para comer pode tecer elogios quem sabe, talvez até para nossos tão ilustres senadores da República.

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