Estudamos para adquirir conhecimento. É um fato. Esse conhecimento será tranformado em intelecto e direcionado para o crescimento próprio e da coletividade ao redor, em forma de trabalho. Mas e quando esse estudo, esse conhecimento não é respeitado, não é avaliado da melhor forma?
É o caso do concurso público. Esse instrumento de exclusão da maioria que tenta o sonho de um emprego estável e rentável (de um certo ponto de vista). Até alguns anos atrás não existia uma "prova" para avaliar se você estudou ou sabia alguma coisa sobre o trabalho que irá fazer. Era como em uma loja comercial, você se inscrevia, entregava seu curriculum vitae e dependendo da observação e análise de seu mérito você era convocado. É claro que isso era regra geral, tendo em vista as particularidades, como a política para acesso ao emprego e a necessidade corrente, ou a demanda excessiva que uma instituição poderia estar passando. Mas antes de mais nada, naquele tempo quem tinha estudado, quem tinha conseguido entrar em uma faculdade e às vezes um curso de pós graduação, era bem visto aos olhos do empregador.
Hoje precisamos pagar pra conseguir um emprego. São as taxas de inscrições do concurso. Posteriormente precisamos comprar um livro ou pagar um cursinho pré-concurso para melhorar nossas chances (veja que mais uma vez gastamos sem estarmos empregados). E depois recebemos a notícia que a prova será em um local de difícil acesso, onde teremos de usar dois ou mais onibus para chegar. Tudo isso para supostamente entrarmos no caminho da felicidade. Onde encontraremos pessoas pregadas em seus cargos há mais de vinte anos, verdadeiros dinossauros que serão os nossos patrões muitas vezes. Enfrentarmos o mau humor diário de uma repartição pública. Vermos as mais escabrosas malandragens, pequenas sim, mas malandragens do sistema público do Brasil, exercida por seus tão valorosos empregados que foram aprovados com louvor em um concurso e imaginado como gente de muita ética. E aquele salário que antes parecia tão tentador hoje, 5 anos ou mais depois, já não paga as tão merecidas férias da família.
Será que estudamos, que buscamos conhecimento para sermos avaliados em uma prova? Excluem-nos porque somos muitos e não podemos ter chances de trabalho? Sim essa é a dinâmica do concurso público no Brasil, onde vale tudo para excluir a "massa". Onde está o mérito de você possuir um currículo enriquecido? Sim enriquecido de conhecimento, muitas vezes pertinentes a área em que você pretende trabalhar, em que você tem aptidão e um objetivo fixo. Nem sempre entra em um instituição aquele que é o mais intelectual ou o mais apto no conhecimento, e sim aquele que decorou todas as exigências do conteúdo programático ou que usou a mãe para acertar uma das múltiplas alternativas da pergunta. Vemos muito servidores que entram lá e nem sabem redigir um ofício, uma ata. Será que o governo pensa bem em quem está colocando como seu empregado, em quem deveria ajudar o sistema, em quem deveria progredir o país?
O concurso público está aí e todas as vezes que um edital é aberto milhares de pessoas tentam a tão sonhada vaga e sorte em uma insituição brasileira. Mas o inchaço da máquina pública é iminente e mesmo o concurso um dia será uma forma atrasada de avaliação das "pseudo" capacidades do indivíduo. Então uma nova forma de prova será pensada, pensada para excluir. Excluir quem detém o conhecimento, o saber, o estudo.
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