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segunda-feira, 6 de julho de 2009

a cultura destruida

Arqueólogos descobriram há poucos meses artefatos que datam de séculos atrás no Iraque. Principalmente quando a região era parte da Babilônia e mesmo anteriormente. Tudo isso vai ser exposto em um museu no Iraque, mais provável em Bagdá. Mas como haverá um museu ou algum tipo de local aberto à descoberta da História sendo localizado em uma região tão frágil e tão vulnerável como é o Iraque dos dias atuais?
É sabido que sempre que duas culturas ou civilizações se chocam, se descobrem, há uma guerra, em todos os sentidos da palavra. Mas todos sabemos quais as perspectivas, enredos e desfechos de uma guerra. Quero falar dos perdedores. Mas não dos perdedores homens e sim do que o homem produz, sua cultura, seus objetos, sua História. Sim porque desde o primeiro homem que constituiu uma pequena aldeia na Terra produzimos cultura, produzimos um legado à posteridade. São esses legados que se tornam os documentos preciosos nas mãos de pesquisadores de nosso passado.
Tomemos o exemplo da conquista do México engendrada por Cortez e seus soldados espanhóis. Logo após a derrota de Cuauahtemoc, último rei asteca, começa a destruição sistemática de toda cultura mesoamericana. Aliás isso já vinha sido trabalhado por Cortez durante sua rota rumo à Tenochtitlán. Destruiram templos e palácios astecas que tanto chamaram atenção dos espanhóis quando estes chegaram, destruíram objetos de arte considerados pagãos por uma cultura religiosa intolerante, e destruíram todas as informações escritas que os astecas podiam ter. Somente os objetos mais ricos e enfeitados que poderiam servir ao interesse ganancioso dos espanhóis e de Carlos V restaram, e assim mesmo, muitos foram derretidos, como o ouro, ou transformados de acordo com a visão européia.
Um caso interessante são das construções da América. Os templos religiosos dos autóctones foram considerados de idolatria, heréticos, e por isso destruídos. Mas essa destruição teve duas vertentes: a destruição por demolição, aniquilando completamente qualquer vestígio de arquitetura mesoamericana ou então por desconfiguração da ideia original, ou seja, reconstrução em cima das bases do templo asteca de uma catedral ou palácio de algum Governador ou Vice-Rei de Espanha. São muitos os exemplos na Cidade do México, onde arqueólogos ainda hoje encontram vestígios de cultura e construções, e também em Cuzco, a capital do Império Inca.
Os livros e os escritos dos astecas e maias todos queimados em fogueiras pelo padres católicos intolerantes com a religião pagã exercida aqui. Tudo apagado em nome de uma fé que representa a superioridade do cristianismo perante qualquer outra religião. Mas será que é isso que Deus queria, apagar vestígios do que ele mesmo criou, ou seja, do produto de seu produto? As guerras posteriores, a conquista, também ajudam a massacrar o pouco que resta de História na América.
Parece que toda conquista objetiva uma destruição sistemática da produção cultural de uma civilização. Mesmo o Iraque também foi destruído quando da invasão ianque para derrubar Saddam Hussein, e quem o invadiu não se preocupou em destruir séculos e dois milênios de história, pois na guerra e em seus objetivos, vale tudo, nada pode deter. Nem mesmo o legado que o homem nos deixa. Então como preservar estas peças que ainda restam lá? Parece que ainda restam pessoas interessadas em pesquisar e mostrar ao mundo que o Iraque e sua região não é só homem bomba ou fanatismo religioso ou, ainda talvez, ditadura extremista. Há uma cultura a descobrir e precisa ser preservada. Não sabemos de onde viemos e para onde vamos, mas precisamos saber o que fizemos nesse curto espaço de tempo que povoamos esta Terra antes de talvez nos auto destruirmos. Destruirmos com as guerras que enterram nosso passado legado e que nos deixa a mercê de uma hecatombe final.

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